Micologia (assista o vídeo explicativo no link): https://www.youtube.com/watch?v=oKNDVX1eVG8&t=609s&ab_channel=dircegrein
No Reino Fungi incluem-se os fungos, organismos heterotróficos, multicelulares ou unicelulares, que já foram considerados plantas primitivas. Uma das diferenças entre esses dois grupos está no fato de que as plantas possuem clorofila, uma característica ausente nos fungos. Existem mais de 100.000 espécies de fungos descritas, e especialistas acreditam que mais de 1000 são descobertas a cada ano.
Essas espécies apresentam papel ecológico importante, atuando, por exemplo, com bactérias, no processo de decomposição. Além disso, algumas apresentam grande potencial econômico, e outras são responsáveis por desencadear doenças no nosso corpo. Como representantes conhecidos dos fungos, podemos citar os mofos, bolores e cogumelos.
Característica gerais dos fungos
Os fungos são organismos heterotróficos e eucariontes que podem ser unicelulares ou multicelulares. A grande maioria das espécies é filamentosa, sendo esses filamentos denominados de hifas. Alguns fungos são formados por várias hifas densamente unidas, que formam o chamado micélio. O micélio pode ser observado em cogumelos, por exemplo.
Os fungos filamentosos podem ter hifas septadas ou cenocíticas.
A maioria dos fungos apresenta hifas septadas, ou seja, que são divididas pelos chamados septos. Os septos são paredes transversais perfuradas por um poro que permite a comunicação entre as células, garantindo a passagem até mesmo de organelas celulares.
As hifas que não apresentam esses septos recebem a denominação de asseptadas ou cenocíticas. Nelas o que se observa é um grande citoplasma contínuo com vários núcleos espalhados. Nos fungos parasitas, as hifas são chamadas de haustórios e são capazes de retirar do seu hospedeiro as substâncias necessárias para o desenvolvimento delas.
Como citado, nem todos os fungos são filamentosos, existindo fungos unicelulares, como é o caso das leveduras. Vale destacar que as leveduras, apesar do que muitas pessoas pensam, não são um grupo taxonômico, estando relacionadas apenas com a forma morfológica de crescimento. Existem cerca de 600 espécies de leveduras conhecidas.
As células que formam os fungos apresentam paredes celulares ricas em quitina, um tipo de polissacarídeo encontrado também no exoesqueleto de artrópodes. Quando falamos em parede celular, muitas pessoas relacionam-na com a encontrada nas plantas, porém a composição da parede celular dos fungos é diferente da dos vegetais, pois nesses últimos encontramos a presença de celulose.
Nutrição dos fungos
A nutrição dos fungos é heterotrófica, ou seja, eles são organismos incapazes de sintetizar seu próprio alimento. Esses seres vivos, geralmente, liberam enzimas sobre o alimento e depois absorvem os nutrientes de que necessitam. Vale destacar que existem fungos parasitas, espécies que vivem em simbiose, e fungos saprófitos, que vivem de matéria orgânica retirada de seres mortos. Em ambos os casos, a nutrição é do tipo heterotrófica.
Os fungos foram, por muito tempo, confundidos com plantas. Entretanto, eles são organismos heterotróficos.
Alguns fungos, para produzir a energia de que necessitam, realizam o processo de fermentação. Esse é o caso de algumas leveduras que, por apresentarem essa propriedade, são muito utilizadas economicamente. Nos fungos, o glicogênio é o principal carboidrato de reserva.
Reprodução dos fungos
A reprodução dos fungos ocorre, em sua grande maioria, por meio da formação de esporos, os quais podem ser produzidos de maneira assexuada ou sexuada. Esses esporos ajudam os fungos a espalharem-se pelo ambiente, uma vez que muitos são secos e pequenos, o que os permite ficar suspensos no ar.
Alguns esporos são pegajosos e espalham-se pelo meio, aderindo-se ao corpo de insetos, por exemplo, e há aqueles lançados pelos próprios fungos. Ao encontrarem um local adequado, os esporos germinam e dão origem a um novo fungo.
A reprodução sexuada inicia-se, geralmente, com a atração de hifas que liberam moléculas sinalizadoras sexuais. Essas moléculas atraem as hifas, que, ao encontrarem-se, fundem-se. Quando ocorre a união do citoplasma de dois micélios, temos o processo de plasmogamia. Os núcleos de cada indivíduo não se fundem de imediato em algumas espécies, podendo demorar horas, dias e até meses e anos.
O próximo estágio é a chamada cariogamia, que ocorre quando os núcleos haploides fundem-se. Forma-se aqui o zigoto, que é um estágio diploide. A divisão por meio da meiose restaura a condição haploide, e formam-se os esporos. Percebe-se, portanto, que a reprodução sexuada é composta por três etapas: plasmogamia, cariogamia e meiose.
Na reprodução assexuada, percebe-se também a produção de esporos, entretanto, normalmente observa-se que os fungos filamentosos produzem-nos por mitose. Outra forma de reprodução assexuada observada nos fungos é a por brotamento. Ela pode ser identificada em leveduras, nas quais surge um pequeno broto com base na célula-mãe. As leveduras também podem reproduzir-se por fissão, e alguns fungos podem ainda reproduzir-se assexuadamente pela fragmentação de suas hifas.
Saiba mais: Cissiparidade – tipo de reprodução assexuada que pode ocorrer em algumas leveduras
Principais grupos de fungos
Os orelhas-de-pau são fungos do grupo dos basidiomicetos.
Existem na literatura científica diferentes propostas para a classificação dos fungos. Apresentaremos, a seguir, a classificação tradicionalmente utilizada e que apresenta a divisão em cinco filos:
Quitrídios (Filo Chytridiomycota): organismos principalmente aquáticos. O micélio é cenocítico. Apresentam esporos flagelados.
Zigomicetos (Filo Zygomycota): possuem hifas, principalmente, cenocíticas. Nesse grupo temos os famosos mofos, que crescem, por exemplo, sobre pães e frutas.
Glomeromicetos (Filo Glomeromycota): fungos micorrízicos. Estima-se que mais de 80% de todas as espécies vegetais apresentam associações mutualísticas com esse tipo de fungo. O micélio apresenta hifas, principalmente, cenocíticas.
Ascomicetos (Filo Ascomycota): fungos com hifas septadas ou unicelulares. Os organismos pertencentes a esse grupo possuem hábitos de vida variados, sendo encontrados nos ambientes aquático e terrestre. Sua estrutura reprodutiva típica são os ascos, que apresentam forma de taça. São considerados o maior grupo de fungos.
Basidiomicetos (Filo Basidiomycota): apresentam hifas septadas. Sua estrutura típica de reprodução são os basídios. Nesse grupo de fungos estão inclusos os cogumelos e o orelha-de-pau.
Leia mais: Cogumelos alucinógenos – os principais possuem como princípio ativo a psilocibina
Importância dos fungos
Os fungos são seres vivos que apresentam muita importância para o meio ambiente e também para os seres humanos. Veja, a seguir, algumas das suas principais ações:
Alguns fungos fazem parte da nossa alimentação.
Fungos atuam como decompositores: garantindo a ciclagem no meio. Nesse processo, a matéria orgânica é quebrada, o gás carbônico é liberado, e substâncias importantes, como o nitrogênio, são devolvidas ao ambiente. Apesar de toda a importância da decomposição, frequentemente, essa propriedade dos fungos é responsável por prejuízos aos humanos, pois esses organismos podem atacar diversos produtos, como alimentos, madeira, tintas, tecidos e papéis.
Fungos realizam importantes relações simbióticas: apresentam uma relação mutualística, por exemplo, com raízes de vegetais. Essa relação é chamada de micorriza e ajuda a planta a conseguir minerais de que necessita de maneira mais eficiente. A planta, por sua vez, garante compostos orgânicos para o fungo. Os fungos também podem associar-se com algas verdes ou cianobactérias e formar os chamados líquens. Nessa associação, os organismos fotossintetizantes fornecem os compostos orgânicos de que o fungo necessita, enquanto os fungos fornecem nutrientes minerais e um ambiente propício para o desenvolvimento da alga ou da cianobactéria.
Fungos são utilizados como matéria-prima para produção de medicamentos: apresentam componentes que podem ser usados na fabricação de medicamentos, como é o caso do antibiótico penicilina. Esse antibiótico foi o primeiro utilizado em larga escala, sendo hoje importante no tratamento de sífilis. Outro medicamento produzido com base nos fungos é a ciclosporina, utilizada em pacientes transplantados, a fim de evitar a rejeição do órgão.
Fungos são utilizados como alimento: por realizarem fermentação, algumas espécies de leveduras são utilizadas, por exemplo, na panificação. Os fungos também são usados na indústria do vinho e da cerveja e para garantir sabores e aromas característicos a diversos tipos de queijos. Além disso, muitas espécies são consumidas sem nenhum processamento, como é o caso do champignon.
Fungos podem causar doenças nos seres humanos: algumas delas são a candidíase, o pé de atleta, a onicomicose (infecção que afeta as unhas), a pitiríase versicolor e alguns tipos de pneumonia. Vale salientar ainda que os fungos podem causar doenças em outros animais e até mesmo em plantas.
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